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Crise hídrica no Rio Tejo afeta comunidades indígenas e locais em Marechal Thaumaturgo

A situação do Rio Tejo, um importante afluente do Juruá, se tornou crítica, com a lâmina d’água alcançando alarmantes 12 centímetros em Marechal Thaumaturgo.

Por Redação

05/08/2024 às 12:33:09 - Atualizado há
Foto: Na Hora da Notícia

A situação do Rio Tejo, um importante afluente do Juruá, se tornou crítica, com a lâmina d’água alcançando alarmantes 12 centímetros em Marechal Thaumaturgo. Em diversos trechos do rio, o nível da água varia entre 10 e 20 centímetros, o que representa uma séria ameaça à segurança alimentar e à mobilidade das comunidades ribeirinhas, incluindo a Terra Indígena Kuntanawa e a Vila Restauração.

Haru Kuntanawa, morador da região, relata as dificuldades enfrentadas pela população local. A viagem que antes levava de quatro a seis horas de barco entre a Terra Indígena e Marechal Thaumaturgo agora se estende por um dia inteiro. Quando se transporta mercadorias, esse tempo pode dobrar. “Se vier com cargas, é bem dois dias para trazer até a nossa comunidade”, explica Haru.

Os desafios vão além da mobilidade. A escassez de água no Rio Tejo está resultando em uma drástica redução na disponibilidade de peixes e na caça de animais, agravada pelas queimadas na região. As plantações também estão enfrentando sérios problemas devido à falta de água. “As plantações estão morrendo já, mesmo a gente regando. Os peixes praticamente não existem mais. A água do rio está toda verde de lodo, praticamente inútil”, lamenta Haru.

Para enfrentar essa crise, Haru sugere uma mudança nas práticas econômicas e agrícolas da região. “Não dá mais pra gente pensar na economia da Amazônia com as mesmas práticas do passado. Precisamos plantar árvores amazônicas, recuperar nascentes e igarapés, e investir em palmeiras como o buriti, que é essencial para trazer as águas de volta”, afirma.

Ele defende a valorização dos conhecimentos indígenas e a implementação de novas estratégias sustentáveis que possam gerar renda para as famílias locais. “Estamos vivenciando uma grande destruição das florestas, resultado da falta de consciência e da ineficácia das leis de proteção ambiental”, alerta Haru.

Desde junho, ele vem monitorando a situação do Rio Tejo e já teve que empurrar sua embarcação várias vezes para avançar até a cabeceira do rio. A comunidade clama por ações urgentes para reverter esse cenário preocupante e garantir a sobrevivência das tradições e modos de vida locais.

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