Meio ambiente Entrevista

Brasil enfrenta risco de queimadas sem precedentes, alerta ministra Marina Silva

Por Redação

17/09/2024 às 09:22:02 - Atualizado há

O Brasil está sob risco de incêndios devastadores devido à maior estiagem da história recente, com cerca de 5 milhões de quilômetros quadrados em situação crítica, afirmou a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, nesta terça-feira (17). Este número impressionante corresponde a quase 60% da área total do país, com vastas regiões de vegetação seca e altamente inflamável.

Em entrevista ao programa "Bom Dia Ministro", da EBC, Marina Silva destacou que as condições climáticas atuais — baixa umidade, altas temperaturas e ventos intensos — tornam vastas áreas suscetíveis à combustão. A ministra ressaltou que o Brasil enfrenta um cenário alarmante de risco ambiental, exigindo ação coordenada e urgente por parte das autoridades.

"As medidas implementadas até agora não têm sido suficientes, mas estão sendo ajustadas constantemente", disse Marina, mencionando a mobilização de equipes e o aumento de recursos para o combate às queimadas. Ela enfatizou a necessidade de acelerar essas ações para mitigar a crescente ameaça.

Com o agravamento da seca e a multiplicação dos focos de incêndio, todos os estados brasileiros proibiram o uso controlado de fogo. Segundo a ministra, qualquer queimada provocada por ação humana é agora classificada como incêndio criminoso, evidenciando a gravidade da situação.

Criminalização e impunidade

Marina Silva também destacou a inadequação das penas para os crimes ambientais. Segundo ela, as punições brandas acabam se traduzindo em medidas alternativas à prisão, o que, em sua visão, incentiva a continuidade das práticas criminosas.

"Isso é um crime contra o interesse público e contra as finanças públicas. Com certeza, deve haver uma pena mais rigorosa para quem pratica esse tipo de ato", afirmou Marina.

A ministra voltou a utilizar o termo "terrorismo climático" para descrever a ação de grupos criminosos que se aproveitam das condições climáticas adversas para intensificar o desmatamento e as queimadas. "É uma aliança criminosa que agrava o problema climático, um verdadeiro crime contra o país", disse.

Impactos das queimadas

De acordo com Marina Silva, as queimadas já devastaram grandes áreas de cultivo, pecuária e floresta. Cerca de 900 mil hectares de áreas agrícolas e 1,4 milhão de hectares de pastagens já foram consumidos pelo fogo. Além disso, 1 milhão de hectares de florestas nativas foram destruídos, com um aumento de 32% nos incêndios dentro da floresta primária.

A ministra revelou que as autoridades já identificaram grupos criminosos responsáveis por atear fogo na floresta com o objetivo de derrubar a vegetação nativa e expandir áreas para atividades econômicas, uma prática ilegal que agrava ainda mais a destruição ambiental.

"É claramente uma ação criminosa, especialmente em um momento em que o uso do fogo está proibido até para atividades controladas", concluiu Marina Silva.

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