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Entenda por que Israel extrai esperma de soldados mortos na guerra

O israelense Avi Harush diz ter sentido que “algo horrível” estava prestes a acontecer alguns dias antes dos militares chegarem à sua porta.

Por Redação

12/08/2024 às 12:03:30 - Atualizado há
Foto: Metrópoles

O israelense Avi Harush diz ter sentido que “algo horrível” estava prestes a acontecer alguns dias antes dos militares chegarem à sua porta. Seu filho Reef, de 20 anos, morreu em combate, em abril deste ano, na Faixa de Gaza.

“Disseram que Reef estava dentro do prazo que permite a extração de esperma e perguntaram se estávamos interessados”, contou Avi à BBC. Apesar de filho não ter deixado namorada ou esposa, o homem diz ver, na extração de esperma, algo em que a famíla possa se apegar após a morte do filho.

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Apesar de chamar atenção, a escolha da família de Avi não é a primeira do tipo e faz parte de um grupo crescente que optou por congelar o esperma de seus filhos após o início da guerra.

Desde 7 de outubro de 2023, cerca de 170 jovens, tanto civis quanto soldados, tiveram seu esperma extraído, segundo o ministério da Saúde – número é aproximadamente 15 vezes maior do que no mesmo período em anos anteriores.

Atualmente, Avi e a família procuram uma mulher que aceite gerar o filho de Reef. O patriarca se diz determinado em conseguir que a gestação dos netos seja bem sucedida.

“Isso vai acontecer e os filhos dele receberão esta caixa”, afirmou, fazendo referência a uma caixa de papelão, repleta de diários, álbuns e lembranças de seu filho.

Dilema ético e religioso em Israel

“Ter esperma vivo de um filho falecido tem grande significado”, afirmou Itai Gat, diretor do banco de esperma do Centro Médico Shamir, que realiza pessoalmente a cirurgia para extração do espermatozoide. “É a última chance de preservar a opção de reprodução e fertilidade no futuro.”

Apesar do grande significado, segundo o médico, as regras atuais criam dilemas éticos, já que, muitas vezes, não há um registro claro de consentimento do “doador”. “Não é como doar um coração ou um rim para salvar outra pessoa”, disse ele. “Estamos falando de reprodução, de trazer uma criança ao mundo que sabemos que será órfã, sem pai.”

Itai Gat admite que antes era contrário à extração de esperma sem o consentimento claro do falecido, mas mudou de opinião ao conhecer famílias que vivem o luto da guerra atual. “Vejo o quanto isso é significativo para elas, como às vezes lhes traz algum conforto”, refletiu ele.

No campo espiritual, o rabino Yuval Sherlo, uma figura importante no judaísmo liberal e líder do Centro Tzohar de Ética Judaica, em Tel Aviv, considera a questão “complexa e sensível.”

Ele afirmou que a questão envolve dois princípios importantes da lei judaica: a continuidade da linhagem de um homem e o sepultamento do corpo inteiro. “Para alguns, a continuidade da linhagem é tão essencial que justificaria a violação do corpo, enquanto, para outros, o procedimento não deveria ocorrer em nenhuma circunstância por violar da integridade do corpo.”

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Legsilação atual

As regras atuais do país são baseadas em diretrizes publicadas pelo Procurador-Geral em 2003, mas que ainda não foram trandormadas em lei. Legisladores têm tentado criar uma legislação mais clara e abrangente, mas os esforços foram interrompidos.

De acordo com a BBC, teria havido um desacordo sobre o nível de consentimento explícito exigido do morto e se a criança teria direito aos benefícios normalmente concedidos aos filhos de soldados mortos em serviço.

Entretanto, recentemente o ministério da Saúde dispensou a necessidade de uma ordem judicial para que os familiares dos mortos em batalha solicitassem o procedimento e as Forças de Defesa de têm se mostrado mais proativas ao oferecer esse serviço.

Fonte: Metrópoles
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