A charge em questão não é apenas uma ofensa pessoal a Marfisa Galvão, mas um ataque a todas as mulheres que lutam por seu espaço na política. Ao reduzir uma candidata qualificada a um mero "problema", a ilustração desconsidera suas capacidades, realizações e contribuições, perpetuando estereótipos que têm historicamente marginalizado as mulheres em posições de liderança. Este tipo de representação é um reflexo de uma mentalidade atrasada que ainda vê a política como um campo predominantemente masculino.
Marfisa Galvão possui uma trajetória política e um compromisso com o desenvolvimento comunitário. Ignorar suas qualificações e reduzi-la a um "abacaxi" é uma tática desonesta que busca minar sua credibilidade e desviar a atenção dos verdadeiros debates eleitorais. Em vez de contribuir para um diálogo construtivo, tais representações desrespeitosas apenas reforçam a cultura do preconceito e do desdém. Além disso, a disseminação dessa charge levanta questões sobre a responsabilidade dos veículos de comunicação. A liberdade de expressão é um direito fundamental, mas ela vem acompanhada da responsabilidade de não propagar discursos de ódio e preconceito. Charges e outras formas de expressão pública devem ser utilizadas para promover debates saudáveis e reflexões críticas, não para perpetuar discriminações e desrespeitos.
É essencial que a sociedade como um todo se levante contra essas manifestações de misoginia. A luta pela igualdade de gênero na política é longa e cheia de desafios, e cada ataque como este representa um retrocesso significativo. O machismo enraizado na sociedade brasileira se manifesta de diversas formas, desde a descrença nas capacidades das mulheres até a violência política de gênero. Muitas mulheres que entram na política relatam assédio, ameaças e ataques direcionados não apenas às suas ideias, mas também à sua aparência e vida pessoal. Esses ataques muitas vezes visam desmoralizar e intimidar, dificultando ainda mais a manutenção e ascensão das mulheres nos cargos políticos.
Apesar de representarmos mais da metade da população brasileira, nós mulheres ocupamos menos de 15% das cadeiras na Câmara dos Deputados e cerca de 14% no Senado Federal. Em se tratado de Estado e município esses números são piores, dos 25 deputados estaduais, somente 3 (três) são mulheres. Na câmara municipal é pior, dos 17 vereadores, somente 2 (duas) são mulheres. Esses números são ainda mais alarmantes quando comparados a outros países da América Latina, como a Argentina e a Bolívia, que possuem uma representação feminina muito mais robusta.
Desse modo, a charge misógina e machista contra Marfisa Galvão é um triste lembrete de que o machismo continua impregnado na política. Contudo, é também uma oportunidade para reafirmar o compromisso com a igualdade de gênero e a valorização da competência feminina. A sociedade deve se unir em defesa de um ambiente político mais justo e inclusivo, onde todas as vozes possam ser ouvidas e respeitadas, independentemente de gênero e de partido político. Somente assim poderemos avançar rumo a uma democracia verdadeiramente representativa e equitativa.
JANAÍNA ALMEIDA QUEIROZ
Porta-Voz Municipal da Rede Sustentabilidade
Coordenadora do Elo Mulheres em REDE Acre
IUNA CHAVES
Porta-Voz Estadual da Rede Sustentabilidade
Membro do Elo Mulheres em REDE Acre
LIBIA LUIZA DOS SANTOS DE ALMEIDA
Membro do Elo Mulheres em REDE Acre
CRISTIANE COSTA DE OLIVEIRA
Membro do Elo Mulheres em REDE Acre
ANELANDIA COSTA DE OLIVEIRA
Membro do Elo Mulheres em REDE Acre
BRUNA KATRINA BARBOSA DE FREITAS
Membro do Elo Mulheres em Rede Acre
MÔNICA MARCIELE NASCIMENTO DE OLIVEIRA
Membro do Elo Mulheres em REDE Acre
SIMONE BICHARA
Membro do Elo Mulheres em REDE Acre