Parlamentar denuncia abandono das quadrinhas juninas pela Prefeitura de Rio Branco
A cultura popular de Rio Branco sofre mais um duro golpe com a possível decisão da Prefeitura de não apoiar o tradicional Circuito Junino da capital acreana. Segundo denúncias feitas por fazedores de cultura e representantes da Liga de Quadrilhas Juninas do Acre (Liquajac), a atual gestão abandonou completamente as políticas públicas voltadas ao movimento junino, alegando falta de recursos após a enchente deste ano justificativa considerada insustentável por quem constrói essa cadeia cultural há décadas.
"Essa é uma escolha política. O prefeito alega que não tem dinheiro por causa da alagação, mas apenas cerca de 300 famílias teriam sido assistidas e por apenas algumas semanas. Na verdade, o que não há é vontade de manter vivo um dos maiores e mais inclusivos movimentos culturais da nossa cidade", afirmou o representante de uma quadrilha junina que prefeiriu não se identificar por medo de represálias.
O vereador André Kamai denuncia que a Prefeitura de Rio Branco abandonou o calendário junino, que há quase vinte anos movimenta bairros, comunidades e milhares de trabalhadores da economia criativa. "São costureiras, marceneiros, ferreiros, aderecistas, maquiadores, produtores... São mais de 1.600 pessoas diretamente envolvidas apenas nas quadrilhas filiadas à Liquajac. E esse número cresce exponencialmente quando se considera o público, os comerciantes e os serviços agregados durante os festejos", enfatizou o parlamentar.
O custo estimado para viabilizar o calendário junino gira em torno de R$ 500 mil valor considerado modesto diante dos investimentos feitos pelas próprias agremiações juninas. Segundo dados apresentados pela Liga, cada grupo investe, por conta própria, mais de R$ 100 mil em figurinos, cenografia e produção artística. "O apoio da prefeitura não é caridade, é dever. Estamos falando de um setor que movimenta cerca de R$ 5 milhões na economia local no primeiro semestre do ano", acrescentou Kamai.
Para o vereador, a recusa do prefeito em apoiar o circuito junino contrasta com outros gastos recentes da administração. "Os aumentos salariais para secretários custarão R$ 4 milhões. O Réveillon e o Carnaval somaram quase R$ 8 milhões. Não é que não tenha dinheiro. É que escolheu não apoiar", disse Kamai. "E como sempre diz o próprio prefeito: "Se não roubar, o dinheiro dá". Então por que não está dando para a cultura?"
A resposta do secretário municipal de Cultura à mobilização das quadrilhas, dizendo que os grupos "querem luxo", foi recebida com revolta pelo movimento. "É uma fala desrespeitosa. Essas pessoas não querem luxo. Querem respeito. Querem seguir mantendo viva a cultura popular dos bairros. O secretário deveria se envergonhar de estar sendo o coveiro da cultura de Rio Branco", completou o vereador.
O mandato de Kamai reafirma seu compromisso com a luta cultural e cobra da Prefeitura de Rio Branco responsabilidade e transparência com os recursos públicos, exigindo a retomada imediata do apoio ao Circuito Junino. "Cultura não é gasto. É investimento em identidade, geração de renda e dignidade para milhares de famílias."
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