Um estudo recém-publicado na revista científica Science aponta que a paisagem gelada da região polar do Ártico deve ficar irreconhecível em menos de 80 anos, em 2100.
Um estudo recém-publicado na revista científica Science aponta que a paisagem gelada da região polar do Ártico deve ficar irreconhecível em menos de 80 anos, em 2100. Conforme o artigo, os pesquisadores afirma que, mesmo se todos os países cumprirem suas promessas já divulgadas para redução de emissões de gases de efeito estufa, a temperatura global poderá subir 2,7°C até o fim do século.
O aumento da temperatura aceleraria as transformações drásticas no Ártico, uma das regiões que mais sofre com o aquecimento do planeta, causando não só o derretimento do gelo e danos à infraestrutura, mas também o colapso de ecossistemas e impactos graves nas comunidades locais.
De acordo com o estudo, se o aumento de temperatura atingir esse nível alarmante de 2,7°C, praticamente todos os dias do ano no Ártico terão temperaturas mais altas do que as extremas observadas antes da industrialização para a região.
Isso impactaria o Oceano Ártico como um todo, por exemplo, a camada de gelo existente poderia deixar de existir, algo que nunca aconteceu. Durante o verão, o Ártico também poderá ficar sem gelo por vários meses, o que não ocorre desde o último interglacial, um intervalo geológico há cerca de 130 mil anos.
Além disso, a Groenlândia poderá vivenciar um aumento tão intenso nas suas temperaturas que a área do gelo que derrete será até quatro vezes maior do que antes da industrialização. E esse derretimento poderá acelerar o aumento do nível do mar, com grandes volumes de água fluindo para os oceanos e impactando cidades costeiras.
O estudo foi realizado a partir de uma análise detalhada das mudanças climáticas no Ártico. A pesquisa partiu inclusive de modelos climáticos para entender como essas mudanças, em particular o derretimento do gelo marinho e a diminuição da camada de permafrost, um solo permanentemente congelado, impactariam não apenas o Ártico, mas o clima global.
Dessa forma, os pesquisadores compararam o impacto do aquecimento global em cenários de 1,5°C, 2°C e 2,7°C de aumento de temperatura, baseando-se em estudos existentes e nas projeções mais recentes, como as do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês).
Eles descobriram que o aquecimento do Ártico mais rápido do que outras regiões pode alterar profundamente o gradiente de temperatura entre os polos e o equador. Na prática, isso resulta no enfraquecimento dos ventos e pode levar a extremos climáticos que ficam "presos" por mais tempo em determinadas regiões. E esses fenômenos podem gerar ondas de calor, secas ou inundações, dependendo do clima que está “preso” na região.
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