O governo de Vladimir Putin anunciou uma nova medida que busca aumentar a presença da Rússia na África, em meio às incertezas globais causadas pelo novo governo dos Estados Unidos.
O governo de Vladimir Putin anunciou uma nova medida que busca aumentar a presença da Rússia na África, em meio às incertezas globais causadas pelo novo governo dos Estados Unidos. A este cenário soma-se também o afastamento de países africanos de antigas colônias e o isolamento russo em relação a potências da Europa.
Na terça-feira (4/2), o chanceler Sergey Lavrov participou de um evento que marcou a inauguração do Departamento da África Subaariana. A divisão, anunciada em dezembro de 2024, visa aumentar a interação russa com países do continente africano.
Para Lavrov, a criação do departamento reflete “a importância que a liderança russa atribui ao desenvolvimento” das relações entre Moscou e países da África.
4 imagens“Essa prioridade está consagrada no Conceito de Política Externa Russa, que foi aprovado pelo presidente Putin há um ano e meio, e está se tornando cada vez mais significativa em nossas ações práticas na arena internacional”, declarou o chefe da diplomacia de Putin.
O Sahel é uma faixa localizada na África que corta alguns países do continente
Arte/MetrópolesO Estado Islâmico continua sendo o grupo extremista que mais mata ao redor do mundo
ReproduçãoA mudança fez com que o Ocidente voltasse os olhos para a região
Art In All Of Us/Corbis via Getty ImagesDiversas tropas estrangeiras foram enviadas ao Sahel para combater os insurgentes islâmicos
Getty ImagesHá alguns anos, países africanos passaram a expressar sentimentos anti-coloniais contra a França, que mantinha influência no continente, apesar da independência das nações. Os principais casos aconteceram na região do Sahel, alvo de uma onda de golpes militares e mudanças políticas que alteraram o xadrez geopolítico da região.
Até o momento, Mali, Níger, Chade, República Centro-Africana, Burkina Faso, Senegal e Costa do Marfim pediram que tropas francesas saíssem de seus territórios. Os militares europeus estavam nos países sob o pretexto de combater a ameaça terrorista de grupos fundamentalistas como o Estado Islâmico (Isis), que migrou para a África após perder força no Oriente Médio.
Com o vácuo criado após a França perder influência na região, a Rússia buscou se aproximar de nações que viraram as costas para o Ocidente. Em 2023, o presidente russo, Vladimir Putin, assinou um acordo militar com 40 países da África, como uma forma de estreitar laços diplomáticos e a presença russa no continente.
Por meio do antigo Grupo Wagner, o governo russo já havia entrado em alguns países instáveis na região, como a República Centro-Africana. Após a rebelião do mercenários contra Moscou, em 2023, e a posterior morte do ex-líder do grupo, Yevgeny Prigozhin, a organização passou a ser parte da rede estatal da Rússia e também foi enviada para o Níger sob o nome de “África Corps”.
Além do aspecto militar, Lavrov declarou na inauguração do novo departamento voltado para a África que Moscou busca atuar no continente também diplomaticamente. Segundo o chefe da diplomacia russa, embaixadas do país no Níger e em Serra Leoa devem voltar a funcionar em breve.
Outras missões diplomáticas também devem ser criadas na Gâmbia, Togo, Libéria Comores e no Sudão do Sul.
“Os africanos estão desempenhando um papel cada vez mais significativo na política global e na economia, e participam amplamente no enfrentamento de questões internacionais. A voz coletiva dos países africanos nos assuntos mundiais está ficando mais alta e clara. A Rússia defende consistentemente o fortalecimento da posição da África no mundo multipolar que está objetivamente tomando forma diante de nossos olhos.”, declarou Lavrov.
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