O terceiro mandato de Nicolás Maduro como presidente da Venezuela começou tenso.
O terceiro mandato de Nicolás Maduro como presidente da Venezuela começou tenso. A posse, nesta sexta-feira (10/1), veio acompanhada de contestações sobre a vitória dele nas urnas, fechamento de fronteiras, novas sanções e o aumento de uma recompensa bancada pelos Estados Unidos para a captura do ditador.
O herdeiro político de Hugo Chávez poderá ficar no mais alto cargo do país até o fim de 2030, marcando assim mais um longo período da manutenção do chavismo no poder.
A cerimônia de recondução de Maduro ao poder refletiu o isolamento que o líder venezuelano enfrenta. Presidentes de países vizinhos e de outras partes do mundo não se fizeram presentes. Também houve panelaços em várias regiões de Caracas durante o discurso do presidente.
Como representante para a posse de Maduro, o Brasil mandou apenas a embaixadora Glivânia Maria de Oliveira. Apenas os presidentes de Cuba, Miguel Díaz-Canel, e da Nicarágua, Daniel Ortega, estiveram presentes na posse. Diante deles, Maduro tentou marcar posição como um líder anti-imperialista.
“Eu não fui eleito como presidente pelo governo dos Estados Unidos, nem pelos governos pró-imperialistas da direita latino-americana. Não fui eleito pela oligarquia. Venho do povo, sou do povo e meu poder emana da história e do povo. E ao povo devo minha vida completa, em corpo e alma”, disse.
As eleições presidenciais na Venezuela foram realizadas em julho de 2024. A vitória de Nicolás Maduro foi declarada oficialmente. No entanto, ela foi de pronto contestada pela oposição e por grande parte da comunidade internacional. Países como o Brasil e a Colômbia pediram a divulgação das atas das eleições para que pudesse ser comprovada a contabilidade dos votos. No entanto, isto não aconteceu.
O oposicionista venezuelano Edmundo González fez, na sexta, um pronunciamento no qual declarou mais uma vez ser o presidente eleito. Na gravação, postada no X (antigo Twitter), ele deu ordens às Forças Armadas do país para que desrespeitassem as determinações de Maduro.
“Como comandante em exercício, ordeno ao comando militar não cumprir ordens ilegais que sejam dadas por quem confiscou o poder e preparem condições de segurança para que eu possa assumir o cargo de presidente da República, como me confiou a soberania popular”, afirmou no vídeo.
A líder da oposição, María Corina, também se manifestou contra a posse do chavista. “Maduro consolida um golpe de Estado diante dos venezuelanos e do mundo. Decidiram cruzar a linha vermelha, oficializando a violação da Constituição Nacional. Pisoteiam nossa Constituição”, afirmou.
Também houve críticas do exterior. Presidente de El Salvador, Nayib Bukele utilizou o Instagram para fazer uma postagem na qual sinalizou estar no território venezuelano. Ele é uma das autoridades internacionais mais críticas ao atual governo venezuelano. Meses atrás, Bukele se reuniu com um líder mercenário dos Estados Unidos que ameaçam uma ação contra o regime chavista.
O vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB), classificou o terceiro mandato consecutivo de Maduro como “lamentável”.
Além das reações verbais, houve países que manifestaram contrariedade com a continuidade de Maduro no poder por meio de sanções. Os governos dos Estados Unidos e Canadá, além da União Europeia (UE), divulgaram novas punições contra autoridades da Venezuela.
Outra reação internacional partiu dos norte-americanos. Biden anunciou um aumento por informações que levem à prisão de Maduro. Agora, o país pagará pagará US$ 25 milhões (cerca de R$ 150 milhões). O valor anterior era de US$ 15 milhões.
Antes da posse, a fronteira com a Colômbia foi fechada. O governador do estado venezuelano de Táchira, Freddy Bernal, afirmou que a medida era para proteção nacional. Ele disse também que a medida vai vigorar até as 5h pelo horário local (6h em Brasília) de segunda-feira (13/1).
“Temos informações de uma conspiração internacional para perturbar a paz dos venezuelanos ( ) Vamos determinar, por instruções do presidente Nicolás Maduro, o fechamento da fronteira com a Colômbia”, disse o governador.
A fronteira da Venezuela com o Brasil também foi fechada unilateralmente pelo país na sexta. Militares venezuelanos interromperam a passagem no final da BR-174, que liga o estado de Roraima ao país. O Ministério das Relações Exteriores (MRE) emitiu uma nota na qual apenas confirmou o fechamento e orientou aos brasileiros que precisarem de assistência a acionar o consulado em Caracas.
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