Saúde

Além do câncer de próstata: comportamentos de risco favorecem o surgimento de outros tumores nos homens

O tabagismo e o consumo excessivo de álcool estão entre as práticas que podem levar ao desenvolvimento de diversas neoplasias, diz a médica Rafaela Pozzobon, da Oncologia D'Or.

Por Assessoria

25/11/2024 às 03:08:32 - Atualizado há
O tabagismo aumenta o risco do desenvolvimento dos cânceres de pulmão, cabeça e pescoço e de bexiga.

Embora seja o tumor mais comum na população masculina, o câncer de próstata não é a única neoplasia a ameaçar a saúde dos homens. Jovens e adultos adotam comportamentos que favorecem o desenvolvimento de alguns tipos de câncer.

É o caso do tabagismo, um grande fator de risco para os cânceres de pulmão e bexiga, que são mais prevalentes na população masculina. De acordo com a pesquisa Vigitel Brasil 2023¹, do Ministério da Saúde, os fumantes representam 9,3% da população, sendo a maioria homens.

Outra prática também associada a esse modelo comportamental é o consumo excessivo de bebida alcoólica. Junto com o tabagismo, esse hábito aumenta em até 20 vezes o risco do surgimento do câncer de cabeça e pescoço² - termo genérico para designar tumores na boca, nas regiões da orofaringe e nasofaringe, na laringe e nos seios nasais.

Por isso, a campanha Novembro Azul é um momento importante para a disseminação de informações não só sobre o câncer de próstata, mas também sobre outros tumores comuns nos homens, que podem ser prevenidos com mudanças no estilo de vida.

Cabeça e pescoço

É o quinto tipo de tumor mais comum no Brasil, sem considerar o câncer de pele não melanoma³. Nos homens, 4,6% dos casos totais de câncer atingem a cavidade oral e 2,7% a laringe. Nas mulheres, 5,8% afetam a glândula tireoide³.

O tabagismo e o consumo de álcool em grande quantidade ampliam a propensão à doença. Como o número de fumantes tem caído no Brasil, os especialistas atribuem o crescimento da enfermidade às infecções por HPV, um vírus sexualmente transmissível que responde por 50% a 80% dos casos de câncer de orofaringe.

"A falta de informação leva parte da população, sejam homens ou mulheres, a não fazer sexo seguro, o que propicia as infecções pelo Papilomavírus Humano, o HPV, em pessoas não vacinadas", explica a médica oncologista Rafaela Pozzobon, da Oncologia D"Or.

A descoberta do câncer em fase inicial pode levar à cura. O tratamento consiste basicamente em cirurgia, seguido, em alguns casos, de quimioterapia e radioterapia. Por falta de informação sobre a doença, 76% dos casos são descobertos em estágio avançado, o que dificulta o tratamento e eleva a mortalidade.

A maneira mais eficaz de prevenir esse tipo de câncer é não fumar, evitar o consumo excessivo de bebidas alcoólicas, praticar sexo seguro e se vacinar contra o HPV. A vacina é oferecida na rede pública para meninos e meninas entre 9 e 14 anos, além de homens e mulheres até 46 anos que convivem com o HIV, realizaram transplantes ou estão em tratamento contra o câncer. Na rede privada, a imunização pode ser feita em pessoas entre 9 e 59 anos, a critério médico.

Câncer de pulmão

O tabagismo é responsável por cerca de 80% dos casos de câncer de pulmão - o quarto tipo de tumor mais recorrente no Brasil, sem considerar o tumor de pele não melanoma. Segundo estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca)², 32.560 casos deverão ser diagnosticados este ano - mais de 55% em homens.

Como não apresenta sintomas nas fases iniciais, 70% dos casos só são identificados em estágios avançados. Para reverter esse quadro, o 1º Consenso Brasileiro para Rastreamento de Câncer de Pulmão recomenda a realização anual de tomografia do tórax de baixa radiação para grupos de alto risco para a doença.

Grandes ensaios clínicos nos Estados Unidos e na Europa?,? demonstram que o rastreamento, seguido por uma abordagem diagnóstica e terapêutica apropriada, reduz em 20% ou mais a mortalidade pela doença.

Compõem os grupos de alto risco pessoas acima de 50 anos, fumantes ou ex-fumantes há menos de 15 anos e com carga tabágica igual ou superior a 20 anos-maço. O cálculo da carga equivale à multiplicação do número de maços fumados por dia pelo número de anos de tabagismo. Por exemplo, se uma pessoa fumou 40 cigarros por dia (dois maços) durante 20 anos, a carga de tabagismo é de 40 anos-maço (2 x 20).

Câncer de bexiga

Perto de 70% dos 11.370 casos de câncer de bexiga diagnosticados em 2024 serão em homens. A doença ocupa a 12ª posição entre os tumores mais frequentes no país², tendo na Região Sudeste as maiores taxas de incidência.

O principal fator de risco é o tabagismo, seguido da exposição ocupacional a certas substâncias cancerígenas utilizadas nas indústrias de tecidos, pintura, corantes, borracha e alumínio, além da exposição à radiação e ao arsênico.

Os sintomas mais comuns da enfermidade são a presença de sangue na urina, dor forte ao urinar, sentir vontade e não conseguir urinar, incontinência urinária, sensação de dor ou ardência ao urinar e mudanças no fluxo de urina.

A doença é diagnosticada pela cistoscopia, procedimento semelhante à endoscopia, que permite a visualização da bexiga e da uretra e a busca por lesões suspeitas. De modo geral, o tratamento consiste em cirurgia, às vezes combinada com a radioterapia e a quimioterapia. Os casos mais graves podem exigir a remoção da bexiga, que é substituída por um novo órgão (neobexiga), criado a partir de pedaços do intestino.
 

Referências

  1. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente. Departamento de Análise Epidemiológica e Vigilância de Doenças Não Transmissíveis .Vigitel Brasil 2006-2023
  2. Associação Brasileira de Câncer de Cabeça e Pescoço. Disponível em Link
  3. Instituto Nacional de Câncer (Brasil). Estimativa 2023: incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA, 2022.
  4. National Lung Screening Trial Research Team, Aberle DR, Adams AM, Berg CD, Black WC, Clapp JD, et al. Mortalidade reduzida por câncer de pulmão com triagem tomográfica computadorizada de baixa dose. N Engl J Med. 2011;365(5):395-409.
  5. de Koning HJ, van der Aalst CM, de Jong PA, Scholten ET, Nackaerts K, Heuvelmans MA, et al. N Engl J Med. 2020;382(6):503-513.

Sobre Gold Oncologia

Criada em 2011, a Oncologia D'Or é o projeto de oncologia da Rede D'Or formado por clínicas especializadas no diagnóstico e tratamento oncológico e hematológico, com padrão de qualidade internacional, e que atualmente está presente em onze estados brasileiros e no Distrito Federal. O trabalho da Oncologia D'Or tem por objetivo proporcionar não apenas serviços integrados e assistência ao paciente com câncer com elevados padrões de excelência médica, mas um ambiente de suporte humanizado e acolhedor. A área de atuação da Oncologia D'Or conta com uma rede de mais de 55 clínicas e tem em seu corpo clínico mais de 500 médicos especialistas nas áreas de oncologia, radioterapia e hematologia e equipes multidisciplinares que trabalham em estreita parceria com o corpo clínico da maioria dos mais de 77 hospitais da Rede D'Or. Além disso, a presença das clínicas da Oncologia D'Or em mais de 20 hospitais da Rede abrange a área de atuação em toda a linha de cuidados, seguindo os moldes mais avançados de assistência integrada, proporcionando maior agilidade no diagnóstico e mais conforto e eficiência para o tratamento completo dos pacientes.

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