Em resposta à crescente crise de segurança pública no Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reuniu nesta quinta-feira (31) todos os 27 governadores do país. A reunião foi motivada por um apelo do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), para que a questão da violência e do crime organizado fosse tratada de forma coordenada e com o apoio da União.
Durante o encontro, o governador do Acre, Gladson Cameli (PP), reforçou a importância da parceria com o governo federal para enfrentar os desafios específicos do estado, como as questões de segurança na fronteira com Bolívia e Peru. "Precisamos do apoio do governo federal, que temos recebido, e é importante sempre consultarmos os poderes, as instituições presentes no Acre. Reafirmo aqui que o estado está pronto", declarou Cameli, destacando o papel do Batalhão de Fronteira criado em parceria com outras forças.
Cameli também abordou as preocupações sobre a autonomia das polícias estaduais, tranquilizando que não se trata de interferência na gestão das corporações. Segundo ele, cada instituição continuará com seu papel específico, mas o combate ao crime exige um trabalho conjunto. "A Amazônia é muito grande, e a população quer ações, quer ser cuidada. Cabe a nós não só fazer o papel de executor, mas também o de conciliador", afirmou.
Lula, por sua vez, apresentou uma proposta para fortalecer a atuação do governo federal em apoio às ações de segurança pública nos estados, sugerindo um "pacto federativo" entre União, estados e municípios. O presidente alertou sobre a crescente influência do crime organizado, que, segundo ele, já estaria se infiltrando em diversas esferas de poder. "Logo, logo, o crime organizado estará participando de concursos, indicando juiz, procurador, político e candidatos. Isso se tornará quase incontrolável se não montarmos um pacto federativo que envolva todos os poderes", disse Lula.
O encontro também contou com a participação do ministro da Casa Civil, Rui Costa, que afirmou que o crime organizado adquiriu "contornos de máfia" e atua na "economia real" do país, destacando a urgência de diálogo entre as esferas de governo para mudanças legislativas e ações concretas.
Além disso, o governo anunciou que está elaborando uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), sob a supervisão do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, para revisar o modelo de segurança pública definido pela Constituição de 1988, considerando-o "superado" pela evolução do crime organizado.
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