Em agenda oficial no Acre, a ministra do Clima pelo Departamento de Segurança Energética e Net Zero do Reino Unido, Kerry McCarthy, foi recebida pela equipe do governo do Estado neste domingo, 29, para conhecer as ações pioneiras apoiadas financeiramente com recursos britânicos para conservação da floresta, por meio do Programa REM Acre Fase II.
Em agenda oficial no Acre, a ministra do Clima pelo Departamento de Segurança Energética e Net Zero do Reino Unido, Kerry McCarthy, foi recebida pela equipe do governo do Estado neste domingo, 29, para conhecer as ações pioneiras apoiadas financeiramente com recursos britânicos para conservação da floresta, por meio do Programa REM Acre Fase II.
Pela primeira vez no Acre, a comitiva internacional liderada pela ministra esteve em Xapuri, interior do Acre, na Reserva Extrativista Chico Mendes, símbolo da luta pela preservação da floresta.
Kerry McCarthy conheceu, de perto, algumas das ações implementadas pelo governo do Estado na Reserva Extrativista, que conta com recursos do Reino Unido, a exemplo do pagamento do subsídio da borracha, um incentivo financeiro no valor de R$ 2,50 por quilo. O recurso tem como objetivo apoiar o desenvolvimento sustentável dos povos e comunidades que vivem na floresta.
O Programa REM Acre é uma iniciativa do Reino Unido e da Alemanha, que reúne uma série de projetos voltados para conservação das florestas e melhoria de vida de milhares de produtores rurais, ribeirinhos, extrativistas e indígenas.
Na unidade de conservação residem aproximadamente 25 mil trabalhadores rurais que sobrevivem financeiramente do extrativismo e da coleta da castanha.
A ministra e sua equipe foram recepcionados pelo seringueiro Raimundo Mendes, primo do ativista ambiental Chico Mendes, onde puderam percorrer uma trilha de extração da borracha e também conhecer o trabalho desenvolvido pelas mulheres que trabalham o artesanato em madeira, de forma sustentável.
"Esta é a minha primeira visita ao Acre. É fascinante ver o trabalho que está sendo feito para proteger a floresta tropical. Não é apenas sobre a proteção do meio ambiente, que é realmente importante para a luta no enfrentamento às mudanças climáticas, mas também sobre essas pessoas [extrativistas e mulheres] que estão vivendo na floresta, mantendo as florestas vivas. Tem sido absolutamente fascinante conhecer de perto as alternativas de vida geradas por essas pessoas que vivem na floresta, com o apoio deste programa internacional", disse Kerry McCarthy.
"É uma honra receber a comitiva para mostrar as experiências exitosas que o programa REM e os esforços que o governo do Estado do Acre tem realizado nessa região. A vinda da comitiva nos permite apresentar possibilidades de captação de novos recursos para que, juntos, a gente possa aumentar mais ainda a potencialidade do trabalho dessas comunidades que tanto precisam do apoio do governo estadual, do governo federal, mas principalmente de instituições internacionais dispostas a somar forças com o Estado do Acre na preservação da Amazônia", destacou o secretário de Estado de Planejamento, Ricardo Brandão.
"Temos uma relação de parceria há muitos anos com o Reino Unido, por isso o Acre foi escolhido para que a ministra tivesse esse primeiro contato com os estados da Amazônia Legal. O objetivo era conhecer um dos programas do qual o Reino Unido é parceiro e apoia, que no caso é o programa REM, que também tem dado apoio técnico no desenvolvimento e atualização do sistema de incentivos ambientais, a partir do programa ISA Carbono, para acessar recursos financeiros de outras modalidades, como a coalizão LEAF, da qual o Reino Unido também faz parte", destacou o presidente do Instituto de Mudanças Climáticas e Regulação de Serviços Ambientais (IMC), Leonardo Carvalho.
"Receber a ministra do Clima, do Reino Unido, para a gente tem uma importância muito grande que é deles virem aqui conhecer a nossa realidade, os nossos desafios, e também nossa potencialidade. Nós, aqui na Reserva Chico Mendes, já trabalhamos com pagamento de serviço ambiental e a gente considera que isso é importantíssimo para garantir que os extrativistas continuem mantendo a floresta em pé, porque todos nós precisamos ter uma renda, garantia de renda aqui dentro para poder continuar com esse trabalho na linha da sustentabilidade. São atividades que respeitam a natureza e que precisam ser viabilizadas para que os extrativistas e as mulheres, os moradores não busquem outra linha de produção que seja mais agressiva e que tenham, por exemplo, que derrubar a floresta", ressaltou Leide Aquino, coordenadora do Fórum de Mulheres do Alto Acre.
"O Estado do Acre é pioneiro no enfrentamento e defesa de uma bioeconomia forte, a partir da valorização da biodiversidade acreana e amazônica. Xapuri é um berço de resistência muito forte dos seringueiros. Os seringueiros têm uma relação muito forte com a biodiversidade, porque não trabalha só com a borracha. O seringueiro trabalha com a castanha também e outros produtos da floresta, e isso é muito importante. O Estado do Acre, que iniciou todo o processo de construção de uma política do RED+ Jurisdicional com o REM. A Alemanha e o Reino Unido têm colaborado muito nesse trabalho, com essa cooperação. Eu acho que isso, inclusive, tem gerado muita expectativa e muita esperança para a população que mora na floresta sobre a valorização de produtos da biodiversidade", reforçou o presidente do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), Júlio Barbosa.
A comitiva internacional liderada pela ministra do Clima do Reino Unido contou com a participação do chefe de REDD+ e Mobilização Financeira (Unidade Florestal Internacional), Tim McNeil; a conselheira política sênior do Departamento de Segurança Energética e Net Zero, Sasha Close; e a secretária particular da ministra, Sumeyia Hussein; gerente de Programas de Floresta e REDD+, Louise Hill; e Iara Menezes, assessora para comunidades e florestas.
A agenda é parte dos compromissos firmados pelos ministros do Reino Unido e do Brasil em cumprir a meta de frear e reverter a perda de florestas até 2030, por meio da manutenção a floresta em pé e da cooperação para promover e apoiar os interesses das populações tradicionais e povos indígenas, reconhecidos como guardiões das florestas.
Diálogo com setor produtivo e fortalecimento da política de gênero
Ainda em Xapuri, os integrantes da comitiva internacional participaram de uma reunião com o sócio fundador da Cooperativa Central de Comercialização Extrativista do Acre (Cooperacre), Paulo Sérgio Pinheiro, que detalhou os avanços e os desafios para o fortalecimento e ampliação do setor produtivo no estado, que tem sofrido baixa com os efeitos dos extremos climáticos, a exemplo da seca severa que tem impactado com uma baixa na produção prevista para este ano.
A liderança aproveitou a oportunidade para falar da necessidade de apoio financeiro para execução do plano de trabalho do Fórum de Mulheres do Alto Acre. O plano é voltado para criação de oportunidade em negócios sustentáveis, geração de renda e melhoria de vida de mulheres que residem naquela regional.
Leide Aquino, que também coordena a Câmara Temática de Mulheres do Sisa, estância de governança estadual, reafirmou seu compromisso no engajamento de mulheres na pauta do clima e nos esforços pela conservação florestal em suas comunidades.
A comitiva do governo do Acre foi liderada pelo gestor da Seplan, Ricardo Brandão; o presidente do IMC, Leonardo Carvalho; a diretora executiva, Jaksilande Araújo; a coordenadora-geral do Programa REM Acre, na Seplan, Marta Azevedo, acompanhada de sua equipe técnica.
Saiba mais
O Estado do Acre implantou, em 2010, o Sistema de Incentivo a Serviços Ambientais (Sisa), uma política pública ambiental modelo, que reúne estratégias e programas que beneficiam quem produz com sustentabilidade e conserva o meio ambiente.
Foi a política do Sisa que possibilitou a cooperação entre o Acre/Brasil e o Reino Unido e Alemanha para implementação do REM (na tradução: REDD+ para pioneiros). Para saber mais sobre essa importante iniciativa, acesse: www.programarem.ac.gov.br.