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Quem era Ismail Haniyeh, líder do Hamas assassinado em ataque no Irã

O líder político do Hamas, Ismail Haniyeh, de 62 anos, foi morto nas primeiras horas desta quarta-feira (31/7), em Teerã.

Por Redação

31/07/2024 às 07:24:54 - Atualizado há

O líder político do Hamas, Ismail Haniyeh, de 62 anos, foi morto nas primeiras horas desta quarta-feira (31/7), em Teerã. Ele teria sido vítima de um ataque aéreo. A informação da morte foi confirmada pelo próprio grupo.

Haniyeh estava no Irã para participar da cerimônia de posse do novo presidente do país, Masoud Pezeshkian. Em um dos registros da cerimônia, inclusive, ele aparece ao lado do vice-presidente brasileiro, Geraldo Alckmin.

O líder palestino e e um guarda de segurança iraniano foram alvos no local onde estavam hospedados, junto a outros membros seniores do “eixo da resistência” do Irã — que inclui o Hamas em Gaza, o Hezbollah no Líbano e os Houthis no Iêmen.

“Irmão, líder, mujahid, o chefe do movimento, morreu em um ataque sionista ao seu quartel-general em Teerã após ter participado da posse do novo presidente (iraniano)”, disse os Guardas Revolucionários do Irã em um comunicado.

4 imagensO chefe do gabinete político do Hamas, Ismail Haniyeh aparece ao lado do brasileiro Geraldo Alckmin, horas antes de ser mortoLíder político do Hamas, Ismail HaniyehTVs do Irã anunciam morte de Ismail Haniyeh, líder político do Hamas1 de 4

Masoud Pezeshkian, presidente eleito do Irã, encontra-se com Ismail Haniyeh

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O chefe do gabinete político do Hamas, Ismail Haniyeh aparece ao lado do brasileiro Geraldo Alckmin, horas antes de ser morto

Fatemeh Bahrami/Anadolu via Getty Images3 de 4

Líder político do Hamas, Ismail Haniyeh

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TVs do Irã anunciam morte de Ismail Haniyeh, líder político do Hamas

Fatemeh Bahrami/Anadolu via Getty Images

Ismail Haniyeh e as negociações diplomáticas

Haniyeh foi personagem central em negociações diplomáticas de alto risco do Hamas, incluindo negociações do acordo de cessar-fogo com Israel.

Ele comandava articulação políticas do Hamas do exílio no Catar e estava entre os negociadores em conversas em andamento entre Israel e Hamas, mediadas pelo Egito, Catar e Estados Unidos, para acabar com a guerra em Gaza em troca de reféns capturados no ataque liderado pelo Hamas em Israel.

O político nasceu em 1962 no campo de refugiados de Shati, ao norte da Cidade de Gaza, de pais palestinos que em 1948 foram deslocados de sua casa no que hoje é Israel, em Ashkelon.

Ele estudou em escolas administradas pela principal agência das Nações Unidas para palestinos (UNRWA), e depois estudou literatura árabe na Universidade Islâmica de Gaza.

Preso pelo exército israelense, ele cumpriu várias sentenças em presídios israelenses nas décadas de 1980 e 1990.

A ascensão de Haniyeh ao poder em Gaza foi auxiliada por seu mentor, o líder espiritual e fundador do Hamas, Sheik Yassin, a quem serviu como secretário pessoal. Os dois foram alvos de uma tentativa de assassinato israelense em 2003; no ano seguinte, Yassin foi morto pelo exército israelense.

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Líder do Hamas em Gaza

Haniyeh foi nomeado líder do Hamas em Gaza em 2006. À época, ele serviu de forma breve como primeiro-ministro de um governo de unidade palestino, que foi dissolvido após meses de tensão que incluíram conflitos armados entre facções palestinas.

O fracasso deste governo foi atribuído em parte à recusa do Hamas em cumprir as condições internacionais para reconhecimento, incluindo renunciar à violência, reconhecer o direito de existência de Israel e aceitar acordos assinados entre Israel e a Organização para a Libertação da Palestina.

Israel logo impôs sanções e restrições à Faixa de Gaza, assim como o Egito. Quando foguetes lançados de Gaza caíram em Israel em 2008, o país fortaleceu seu bloqueio à Gaza. O Hamas permaneceu no controle da região, resistiu a várias guerras contra o exército israelense e aumentou sua força militar.

Em 2017, quando o Hamas tentava suavizar sua imagem pública e buscava influência entre palestinos e internacionalmente, Haniyeh foi nomeado líder sênior do Hamas.

Tribunal Penal Internacional

No último mês de maio, o promotor do Tribunal Penal Internacional disse que buscaria um mandado de prisão para Haniyeh.

O promotor o acusou, bem como a outros líderes do Hamas, de crimes de guerra e crimes contra a humanidade em relação ao ataque de 7 de outubro em Israel, incluindo “extermínio, assassinato, tomada de reféns, estupro e agressão sexual em detenção.”

Em abril, três dos 13 filhos de Haniyeh foram mortos por forças israelenses em outra operação militar em Gaza. Em junho, o Hamas disse que a irmã de Haniyeh e sua família foram mortas em um ataque do exército israelense à casa da família Haniyeh em Gaza, uma afirmação que o exército não confirmou.

Ele se manteve desafiador diante da perda, um tema comum na vida de Haniyeh. “Não vamos ceder, não importa os sacrifícios,” disse ele na época, observando que já havia perdido dezenas de membros da família na guerra.

Promessa de matar líder do Hamas

Tanto o Hamas quanto o Irã acusam Israel pela morte de Haniyeh. Os israelenses não fizeram qualquer declaração sobre o assunto.

Horas antes, outro ataque aéreo, também imputado a Israel, matou o principal líder militar do grupo extremista Hezbollah, no Líbano.

O presidente do Irã afirmou que "defenderá a sua integridade territorial, dignidade, honra e orgulho, e fará com que os ocupantes terroristas se arrependam do seu ato covarde".

Desde os ataques do Hamas em 7 de outubro do ano passado, Israel apontou como um de seus principais alvos Haniyeh. A ação acabou com a vida de 1.200 pessoas, além de fazer 251 reféns, entre civis e militares.

Fonte: Metrópoles
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